|
Imagem da Microsoft editada por Cris Henriques |
9. Deus é único e Moisés é o
Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus,
como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu
Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que
passou esse povo destinavam- se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu
que ocultava aos homens a divindade.
Os mandamentos de Deus, dados
por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários
da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua
pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de
Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear
a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.
A moral que Moisés ensinou era
apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se
propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento da
alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que
não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável
do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência
deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o
império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma
representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica.
Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a ideia de Deus lhes
falava ao espírito.
O Cristo foi o iniciador da
mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há-de renovar
o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há-de fazer brotar de
todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos
uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há-de transformar a Terra,
tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso,
a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de
que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.
São chegados os tempos em que
se hão-de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão
nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que percorreram as ideias
de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse
desenvolvimento se efectue sem lutas. Não; aquelas ideias precisam, para
atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção
das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os
espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e
descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus
continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. – Um Espírito israelita.
(Mulhouse, 1861.)