É com uma dor imensa no
coração, que comunico a todos os amigos, que no dia 14/7, apagou-se uma luz que
iluminava a minha vida. Cris Henriques, minha filha Dorinha como era chamada
pelos mais íntimos, administradora deste blog e do blog
O Que o Meu Coração Diz , partiu para sempre. Sei que estará irradiando a sua luz noutro plano, iluminando aqueles que amava, mas isso não diminui a dor que sinto, o vazio que ela deixou na minha vida.
O Que o Meu Coração Diz , partiu para sempre. Sei que estará irradiando a sua luz noutro plano, iluminando aqueles que amava, mas isso não diminui a dor que sinto, o vazio que ela deixou na minha vida.
Para quem não conhecia bem
a Cris, devo dizer que foi uma lutadora, uma guerreira, desde que nasceu até
que partiu. Nasceu portadora de uma doença que se chama Atrofia Spinal
Progressiva, do tipo 1. É suposto, quem tem esta doença, de tipo 1, não passar
dos 2 anos de idade. Ela tinha 38 anos. A Cris sempre teve problemas graves de
saúde, que fomos conseguindo ultrapassar um a um, com coragem e determinação. A
Cris era completamente dependente, esteve toda a sua vida numa cadeira de
rodas, e sem força muscular, a sua qualidade de vida foi-se deteriorando cada
vez mais. Ainda assim, conseguiu concretizar alguns sonhos.
Fez um curso de inglês,
por correspondência, pela impossibilidade de se deslocar de casa, e falava
fluentemente essa língua. Fez um curso de Astrologia, que lhe permitiu ajudar
muita gente que a procurava. Cada mapa astral que fez, foi mais um amigo que
ganhou. Há dois anos, terminou o 12º Ano de Escolaridade, com excelente
aproveitamento. Percebia imenso de computadores e informática, conhecimentos
adquiridos apenas com pesquisa e ajuda de amigos virtuais. Escrevia poesia com
um sentimento tão profundo, com um amor tão grande, como só ela sabia sentir. A
edição de um livro de poesia, O QUE O
MEU CORAÇÃO DIZ, foi mais um sonho concretizado. Escrevia com sentimento,
com sinceridade e amor. Aquele amor, que lhe era inerente, ela era feita de
amor e doçura. Até hoje, foi a única pessoa que conheci capaz de sentir amor
incondicional, fosse por amigos, familiares ou o amor da sua vida. Quando
amava, amava mesmo e o objeto do seu amor, não tinha defeitos, eram apenas
pessoas diferentes umas das outras, que quando erram estão apenas a
experienciar a vida, a aprender com os erros, e não nos compete a nós
julga-los, como ela dizia, com toda a razão.
Era a única coisa que
conseguia fazer sozinha, escrever no computador. Ainda assim tinha de ser
ajudada para se posicionar, e escrevia apenas com dois dedos, que eram os
únicos que tinham ainda alguma mobilidade.
Não obstante os
problemas de saúde que a sua deficiência lhe causava, o que a levou, foi um
carcinoma, que quando descoberto, já estava metastizado, levando-a em pouco
mais de dois meses.
Não foi possível
esconder dela o problema. Inteligente, rapidamente se apercebeu do que tinha.
Confrontou o médico, queria saber. E soube. Depois do médico sair, ficou um
pouco calada a pensar, depois disse-me:
_Mamã, não fiques triste, eu vou ficar bem. Todos temos que partir um
dia, e eu fui feliz. Não pude fazer muitas coisas que as outras pessoas fazem,
mas fui feliz assim, e muitas pessoas que podem fazer tudo, nunca são felizes.
E digo-te mais, vou manter a minha alegria até ao fim.
E cumpriu. Poucas horas
antes da partida, quando não lhe conseguia baixar a febre, que estava nos 41º,
ao levá-la para as urgências, com o sentido de humor que a caracterizava, ainda
disse uma piada que nos fez rir. Foi das últimas coisas que disse. A partir daí
as dores intensificaram-se até que partiu.
Resta-me o consolo de saber que parou de sofrer.
Resta-me o consolo de saber que dediquei a minha vida a ela, ao seu bem-estar,
fiz sempre tudo por ela, desde que nasceu, até que partiu. Inclusivamente fui
eu quem lhe cerrou os olhinhos doces, para sempre. Mas será que isso é consolo?
E o vazio que ficou na minha vida? Vou ter que seguir o exemplo de coragem que
ela deixou, e seguir em frente. Vou guardar para sempre as suas palavras de
amor.- Mamã, amo-te muito, digo-te isto
muitas vezes, mas preciso de dizer.
Eu sei, meu amor. Onde
estiveres, continuo a sentir o teu amor, e continuo a dar-te o amor que te dei
durante toda a tua vida.
O céu ganhou uma
estrela, e eu, perdi a minha filha, a minha melhor amiga, confidente, sempre
com compreensão e carinho aconselhando a mãe, tendo sempre uma palavra de
encorajamento a dizer. Mas ganhei um anjo para me proteger.
Descansa em paz, meu
amor, que Deus te ampare em seus braços.
Idália
Henriques